segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Ponto, Linha e Forma

Fundamentos da Linguagem Visual
Elementos básicos da comunicação visual

O PONTO
O ponto é a unidade de comunicação visual mais simples e irredutivelmente mínima. Quando vistos, os pontos se ligam, sendo, portanto, capazes de dirigir o olhar. Em grande número e justapostos, os pontos criam a ilusão de tom ou de cor...

Personagem de O Senhor dos Anéis desenhado para matéria de Desenho de Observação I ministrada por Milton Nakata.
Técnica: Pontilhismo

A LINHA
Quando em uma seqüência de pontos, eles estão muito próximos entre si de maneira que se 
torna impossível identifica-los como Unidade de Forma, isto é, individualmente, aumenta a sensação de direção, e a cadeia de pontos se transforma em outro elemento visual distintivo, a linha. Ela tem, por sua própria natureza, uma enorme energia. Nunca é estática; é o elemento visual inquieto e inquiridor do esboço. A linha tem personalidade, tem expressão.


Como elemento conceitual, poderíamos definir a linha como um ponto em movimento, ou como a memória do deslocamento de um ponto, isto é, sua trajetória.Como elemento visual, não só tem comprimento como largura. Sua cor e textura são determinadas pelos elementos que são utilizados para representá-la e pela maneira como é criada.
A linha tem, por sua própria natureza, uma enorme energia. Nunca é estática. É o elemento visual inquieto e inquiridor do esboço. Onde quer que seja utilizada, é o instrumento fundamental da pré-visualização, o meio de apresentar, de forma palpável, aquilo que ainda não existe, a não ser na imaginação. Dessa maneira contribui enormemente para o processo visual.

Podemos conectar a linha horizontal a sensação de tranquilidade e de calma como a posição tomada pelos mortos, com a visão marítima a distância, como os extensos campos verdes.
A linha vertical, ligada a espiritualidade, superioridade, pode ser a sugestão causada por caminhos 
dirigidos ao céu, às torres das igrejas...
As curvas do "S", de todos os feitios, são chamados de linha da beleza, pelo encanto que transmitem em suas sinuosidades. Ligam-se, por certo,à saúde e ao movimento gentil das mulheres formosas.
A linha convexa implica em tristeza; no sentido inverso, côncavo, denota alegria.
Aimpressão de agitação enérgica, causada pelas linhas oblíquas em posição violenta, o zigue-zague, cumpre esse papel.
As paralelas são frágeis e, talvez, por isso mesmo tão insistentemente empregadas na arquitetura, compensando o peso das grandes massas de concreto.
O mais simples traço revela um caráter.Será sólido, duro ou macio, áspero ou suave, firme ou displicente, concentrado ou expansivo, contribuindo inclusive, por suas características, para indicar a personalidade.
Um ponto pode ser posto para andar por uma força, e aí teremos a LINHA RETA. Ou se este 
mesmo ponto se movimenta por duas forças teremos a LINHA CURVA. 

Quando as linhas se quebram, formam OS ÂNGULOS. 



Composição VIII - 1923 (140 Kb); Oil on canvas, 140 x 201 cm (55 1/8 x 79 1/8 in); Solomon R. Guggenheim Museum, New York 


De acordo com Kandinsky, “O ÂNGULO RETO é o mais objetivo de todos, pois entre os agudos e os obtusos, é o único que existe em um só grau”. É o mais frio, estável e duro de todos. 
Nos ÂNGULOS AGUDOS (fechados), percebemos uma forte tensão masculina. A sensação de incisão. O desejo de abrir-se, de desabrochar. Ele é energético e pleno de energia. Sua aplicação dá reforço à sensação de movimento. 
Nos  ÂNGULOS OBTUSOS (abertos), contrariamente aos primeiros, essa tensão já foi resolvida. Há uma entrega de quem já se abriu. É um ângulo acolhedor e feminino. É passivo e relaxado. 
Quando duas forças exercem pressão simultânea sobre um ponto, sendo uma delas contínua e predominante, surge a LINHA CURVA.  
As linhas curvas dominam o território dos sentimentos, da suavidade, da flexibilidade e do feminino. 
O redondo, o curvilíneo, o ondulante, encontram-se em oposição ao caráter racionalizante da linha reta e angulosa, que focaliza a vontade e o controle.  
Quanto maior é essa pressão lateral e contínua exercida sobre a linha, esta se desvia cada vez mais até fechar-se em si mesma, formando um círculo. 
Essa pressão lateral contínua faz com que ela não quebre, se transformando em ARCO.  Não há ângulo, surgindo assim, uma forma suave e madura, que possui em si uma autoconsciência por voltar-se para si mesma. Para a linha reta, impulsiva, não há começo nem fim, é um caminho eterno, em uma única direção e sem retorno. Para a linha curva, flexível, há a possibilidade de encontrar-se com o seu começo, gerando um círculo, que é a representação do todo. 


A FORMA
A linha descreve uma forma. Na linguagem das artes visuais, a linha articula a complexidade da forma. Existem três formas básicas: o triângulo equilátero, o círculo e o quadrado.

AS PRINCIPAIS FORMAS BÁSICAS   
As formas geométricas básicas, que podem gerar todas as outras mediante variações dos 
seus componentes, são as três já conhecidas como a Trilogia do Design : o quadrado, o círculo e o 
triângulo.  
Cada uma dessas formas nasce de maneira diferente, tem medidas internas próprias e comporta-se de modos diversos ao ser explorada. As montagens com certo número de formas geram grupos de formas com novas características, ocasionam efeitos de: negativo / positivo; dupla imagem; imagens ambíguas;  figuras impossíveis.  E ainda, encontraremos fenômenos como: decomposição, recomposição; ritmos 
visuais e, dentre tantas outras, formas que já possuem em si uma indicação de direção  e de 
movimento. 

QUADRADO:Ao quadrado se associam enfado, honestidade, retidão e esmero.Forma racional, estática, sugere rigidez e segurança.Figura geométrica com quatro ângulos e quatro lados iguais e com a mesma longitude.  
Direção vertical ,direção horizontal
Referência horizontal - vertical:
Constitui a referência primária do homem no que respeita ao seu bem estar. 
Seu significado mais básico tem a ver não apenas com a relação entre 'o organismo humano e o meio ambiente, mas também com a estabilidade em todas as questões visuais.

CÍRCULO: Ao círculo se associam infinitude, calidez, proteção.
Forma emocional, movimentada, sugere conforto, e intensidade. 
Figura curva contínua cujo perímetro é equidistante de todos os pontos ao centro. 
Referência curva:
Constitui o significado associado à repetição e ao calor.
As forças direcionais curvas  têm significados associados à abrangência, à repetição e à calidez.

TRIÂNGULO: 
Ao triângulo se associam, ação, conflito, tensão.
Forma estável, de base, sugere ascensão, leveza e misticismo.
Triuno. 
Figura geométrica com três lados e três ângulos iguais. 
A direção diagonal  tem referência direta com a idéia de estabilidade. É a formulação oposta, a força direcional mais instável, e, conseqüentemente, mais provocadora das formulações visuais. Seu significado é ameaçador e quase literalmente perturbador.

UMA ANÁLISE SOBRE AS DUAS POLARIDADES: O QUADRADO E O CÍRCULO  
O Quadrado 
Do mesmo modo como o ângulo reto é o ângulo mais objetivo, o quadrado é também a forma geométrica mais simples e objetiva. Formado por duas linhas horizontais e duas verticais, que se encontram em quatro ângulos retos, o quadrado representa o símbolo da terra – do universo criado e da matéria. É a antítese do transcendente. Anti-dinâmico por excelência, já que seu formato o impede de movimentar-se com facilidade. É destinado a ser estável e limitado. 
Associado ao número quatro, o quadrado também é o símbolo do mundo estabilizado. Daí sua identificação com o poder e o domínio, o controle e a força. Muitos espaços repousam sobre a forma quadrada: Templos, cidades, indústrias, presídios, campos militares etc.  É a forma da inteligência, da razão e da capacidade de definir, dissecar, digitalizar. Representa ainda a fixação e a permanência. 
É interessante notar que as notas de dinheiro são quadrangulares, bem com a maioria das portas e janelas, estando diretamente vinculados a idéia de força e de poder, divisão, fronteirização, controle e vontade racional. 
O quadrado é a figura de base do espaço, e representa o tempo enquanto oposto à eternidade. Se o quadrado tem quatro lados, a terra tem quatro direções, o homem tem quatro membros, os instrumentos de orientação têm quatro pontos cardeais. 
O Círculo 
Assim como já vimos, no caso da linha curva, que é resultado de duas forças que exercem pressão lateral e simultânea sobre o ponto, sendo uma delas contínua e preponderante. Quanto maior for essa pressão lateral, a linha se arqueia cada vez mais até o ponto limite de fechar-se sobre si mesma gerando o círculo. Quando isso ocorre, fim e começo se fundem, com toda sua efemeridade e solidez. A imagem do Uno, do todo. A serpente que morde a própria cauda simbolizando o ciclo da evolução. Movimento, continuidade, autofecundação, eterno retorno da manifestação ao interior de sua origem. Autoconhecimento e meditação sobre si próprio, seus atos e desejos.  
É neste sentido que o traço curvo realiza-se em si mesmo. Enquanto a linha reta expressa uma tendência desejada e consciente em direção a uma meta, o que a faz também, exacerbada, sair de si. 

Para Kandinsky 
“assim se produz a estrela das linhas retas, organizadas em torno de um núcleo comum. Esta 
estrada pode tornar-se cada vez mais densa de modo a que as interseções criem um centro mais 
cerrado no qual um ponto possa se formar e desenvolver. Ele é o eixo em volta do qual as linhas 
podem organizar-se e finalmente confundir-se – uma nova forma nasceu, uma superfície sob a forma 
definida de círculo.” Ou seja, o círculo é resultante da densificação total do campo de rotação da estrela de linhas. 
Como diz uma frase de Francis Picabia: 
“Nossa cabeça é redonda para permitir aos pensamentos, mudar de direção”. 
Seria cansativo levantar aqui a infinidade de estudos e citações sobre a presença do círculo nas diversas culturas, como os indígenas das Américas, os hebreus, os celtas, etc. Mas vale ressaltar ainda que na tradição islâmica a forma circular é considerada como a mais perfeita de todas. É por isso que seus poetas afirmam que: 

“o círculo formado pela boca aberta é a mais bela das formas, por ser ela completamente redonda. É por ela que sai o verbo, indispensável ao homem para ser humano, já que é desprogramado e precisa se re-descobrir no ato de saber e fazer ser.” 



CRIAÇÃO E PERCEPÇÃO - Uma introdução

Criação e Percepção

A percepção artística, como atividade criadora da mente humana, é uma ação transformadora. 
O filtro perceptivo vai processando o mundo em nome da criação. Em uma coleta sensível e seletiva, 
o artista recolhe aquilo que, sob algum aspecto, o atrai. 
Há renitências de seu olhar. 
São seus modos de se apropriar do mundo. Essa sensação é intensa, mas fugaz e, muitas vezes, responsável pela construção de imagens geradoras de descobertas. A construção de mundos ficcionais é decorrente de estimulação interna e externa recebidas através de lentes originais. As percepções interagem com a experiência passada, portanto, percepção não é divorciada da memória: não há percepção que não seja impregnada de lembranças. As sensações têm papel amplificador, permitindo que certas percepções fiquem na memória.
Trecho retirado do vocabulário do projeto Redes de Criação - Itaú Cultural. Disponível em http://www.redesdecriacao.org.br/?verbete=71.

Nossa percepção depende do ponto de vista e o referencial somos nós mesmos.



O Conceito de Percepção: formas e funções.
A Psicologia da Gestalt no estudo da percepção.
A Percepção Estética.
Arte e Criação.
Criatividade: Evolução histórica e teorias psicológicas.
Criatividade, emoção e sentimento.
Criatividade e a influência da motivação.
Fatores sociais da percepção:
Autoconceito,
Barreiras emocionais e culturais.

OBJETIVO
Identificar, os aspectos perceptivos envolvidos no processo criativo e reconhecer a influência dos fatores emocionais e culturais no processo de criação.

Livros de referência


Livros para estudo